Estava ali parado, fechado, já nada nem ninguém o conseguia distrair, a impaciência começava a instalar-se.
A noite já havia conquistado o dia, mas o céu estava totalmente escuro! Não haviam estrelas e a lua também deveria ser tão nova que ainda não se via, provavelmente estava envergonhada...
Apenas as luzes vermelhas insistiam em aparecer, todos, tal como ele, deveriam ter um pé no travão ou então, cansados depois de um dia atribulado, lá se socorriam de alguma outra ajuda.
Foi quando olhou para o carro parado ao lado do seu.
Há quanto tempo estaria ali?
Bem... estava igual!
O mesmo cabelo, apenas aclarado por alguns “troféus” do tempo… os mesmos olhos, que nunca havia decifrado se eram castanhos ou verdes, ela dizia que mudavam de cor com o tempo e com a luz, mas quem mais teria uns olhos “mutantes”?
Os mesmos lábios, entreabertos, provavelmente a falar ao telefone ou então sozinha, como costumava dizer que gostava de fazer!
Não a via desde há quinze Verões atrás, mas era ela de certeza!
Quando deu por si, já se havia “perdido” a observá-la … ele estava quinze anos mais novo e lembrava-se daquele brilho no olhar como se a tivesse visto na véspera...
Foi então que a confusão se instalou! Um carro atravessou-se à sua frente e... quando ficou com o campo de visão livre ela já não estava lá!
Mas na boca parecia que tinha voltado a sentir o sabor doce e açucarado das Bolas de Berlim que costumavam partilhar na praia.
Regressado de vez ao presente, lá conseguiu seguir viagem.
Só estranhou quando olhou para o banco vazio ao lado do seu e viu que estava sujo, salpicado de alguns grãos de areia branca...
Stella
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