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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Lisboa - Castelo de São Jorge


Atrás das muralhas e das ameias de pedra fria, já molhadas pelo orvalho da noite, ela havia adormecido, envolta apenas em alguns panos de seda. Os longos cabelos negros estavam entrançados com fitas de ouro que por eles, e neles, se perdiam e se encontravam...
Tinha adormecido há muitos e muitos anos, quem saberá senão mesmo há séculos.
Talvez tivesse sido a chuva que a acordou, ou a luz da lua, ou então o piar mais insistente de alguma ave que habitasse a colina, o que é certo, é que quando deu por ela estava na Avenida!
Perdeu o olhar pelo aglomerado de casas, pelas cores tão diferentes de outrora, pelas árvores que teimavam em sobreviver e lembrou-se da Mouraria que já não deveria ser aquela que ela conhecia!
Mas... sentia a força das sete colinas e sabia que estava no mesmo lugar! Mais que não fosse porque ele continuava lá, tão imponente… a dominar a cidade, a controlar o rio até à foz e a própria luz parecia que lhe prestava ainda homenagem... era mesmo Senhor mas de um reino já diferente!
Voltou as costas, desceu o resto da Avenida, atravessou a Praça, subiu uma e outra rua, os pés descalços já estavam gelados, cortados e cansados, até que se perdeu nos braços do Camões!
Sim, dele mesmo! Aquele que se tinha esquecido dela… que não tinha encontrado tempo para lhe dedicar o mais simples dos sonetos, a ela…. a Moura Encantada...

Stella

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