"Fotografar é colocar na mesma mira a cabeça, o olho e o coração." Henry Cartier Bresson
"Os jovens escutam músicas e são loucos, os homens constroem bombas e são normais." Suelen dos Santos Barcelos
"Não sei uma nota de música. Nem preciso." Elvis Presley
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Zurique - A noite
Quando ouvi os passos pesados a arrastarem-se pelo corredor, sabia que a sentença havia sido proferida, que agora não haveria nada mais a fazer porque estava no papel e assinada por ele...
Quando a porta se abriu, o semblante que trazia a noticia era pesado mas, simultaneamente sarcástico, poucas dúvidas deixava, parecia que gritava a palavra “condenação” como se fosse uma vitória!
Entrei na carruagem com a dignidade que me era possível, pelo menos os meus carrascos não tinham corrido as cortinas, podia olhar pela janela e despedir-me das ruas que me tinham acolhido, onde havia nascido, crescido, amado e vivido. Ruas onde tinha deixado a minha palavra falada e escrita... o meu grande erro, escrever o que alguns não ousavam sequer pensar…
À medida que a carruagem atravessava a ponte olhei para o rio e revi, nas suas águas, todas as imagens das minhas duas décadas e meia de vida… elas assolavam o meu pensamento de forma tão ordenada e sentida… que parecia que já me tinha despedido desta vida já vivida.
Quando olhei pela janela do lado esquerdo, não pude deixar de reparar que o relógio do alto da torre marcava quinze minutos para a nona hora, aquela onde iria expirar a minha vida.
Mas quando fixei a marca no meu braço, que me acompanhava desde sempre, soube que não estava sozinha. Outras teriam a oportunidade de seguir com o meu trabalho, mas de forma livre e sem a opressão da palavra medo, foi nesse momento de fé que me lembrei de ter visto a mesma marca no braço da Ana Catarina.
Stella
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