
A noite já tinha abraçado a cidade e o frio típico da estação já se fazia sentir, pelo menos este ano a chuva e o vento não tinham vindo despedir-se do “ano velho” e muito menos dar as boas vindas ao “ano novo”.
Já conseguia ouvir para lá da porta, a animação de uns e outros, não tardaria muito a festa iria começar.
Em cima da cama o vestido de seda branco esperava-a, este ano queria estar de branco! Mais que não fosse para saudar Aquele que a havia criado, mais que não fosse porque ela também se sentia um pequeno ponto de Luz na vida dos que com ela privavam.
Para além do vestido só estavam os sapatos revestidos a seda azul (para homenagear a Mãe…) e nada mais, havia deixado todos os adornos para trás, como se despojos de guerra se tratassem...
A água já corria no chuveiro, de certeza que já estava quente a avaliar pelo o vapor que começava a invadir o quarto e a embaciar os espelhos.
Quando se despiu e deixou a água escorrer pelo seu corpo sentiu aquela imensa e intensa sensação de liberdade, sentiu que estava liberta de todas as mágoas e ressentimentos que se haviam acumulado ao longo daquele ano, sentiu que havia medos e angústias que não faziam sentido, no fundo, sentido que estava com a “alma lavada” e pronta a um novo recomeço... se bem que o recomeço estava sempre nas suas mãos, todos os dias poderia recomeçar, mas naquela ocasião o significado era especial, por ser o início do primeiro dia de um novo ano!
Quando saiu do quarto do hotel a festa estava prestes a recomeçar e ela não ia perder nada, passou por um casal de idade já bastante avançada e disse “Feliz Ano Novo!”, a resposta que ouviu da boca da senhora idosa foi “Não é a vida que nos faz felizes, nós é que procuramos a nossa felicidade” ...parou, sorriu e... seguiu para a festa!
Stella