"Fotografar é colocar na mesma mira a cabeça, o olho e o coração." Henry Cartier Bresson
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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Alcochete - Beira-rio, passadiço do pontão
No escuro da noite, onde nenhuma estrela ousava aparecer e até a lua, quase cheia, havia ficado escondida... ela estava lá!
Sim, parecia que tinha luz própria, dourada pelo sol que já se havia despedido, ali se encontrava ... deserta, disponível, como que o convidando, ou desafiando, para uma caminhada até sabe-se lá onde...
Só sabia que ao longe algo, ou alguém, o esperava porque as luzes brancas e enevoadas o faziam anunciar... caminhou!
À medida que avançava ouvia o sussurro da água, sentia o cheiro da maresia e a névoa que teimava em o envolver.
Por um momento pensou em voltar para trás, mas o chamamento do que o esperava foi mais forte do que ele. Resolveu continuar, num passo cada vez mais apressado, quase ofegante … quando ouviu, então, o seu nome!
Trazida da água, pela certa, estava como que vestida de luz, nos cabelos ainda se encontravam restos de algas e limos, nos braços tinha amarras de algum barco perdido ou há muito afundado, nas pernas a espuma da água havia deixado um rasto ... salgado ...
Quando a abraçou sentiu que tinha chegado a casa, quando a beijou soube que não era apenas salgada mas também doce… e, finalmente, quando a despiu sentiu a força de todas as marés e tempestades que a haviam despojado ali ... nele ... e, sem saber como, ela sabia o seu nome! Foi mar e fogo ...
Stella
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2 comentários:
Gostei deste breve conto, simples mas envolvente pela força das palavras bem escolhidas!
Chamar-lhe-ia a "Sereia e o Pescador", ou então, "Mar e Fogo..."
Um mês e meio depois regressou ao mesmo lugar … não era noite mas dia!
O sol já teimava em aparecer e poucas eram as nuvens que ousavam se mostrar.
Ela desta vez não se mostrava deserta, mas apesar de serem vários os que por ela caminhavam e paravam para ver o mar, estava disponível.
O convite era o mesmo, mas de uma forma diferente.
Foi avançando entre as gentes, diferentes e coloridas … para além do cheiro da maresia o ar ainda estava cheio dos risos e desatinos das crianças que por ali brincavam.
O passo não era apressado, nem ofegante… para quê correr?
Quando chegou ao final encostou-se à amurada e olhou a outra margem, mas desta vez ninguém chamou pelo seu nome.
Não havia espuma, nem algas, nem limos … à sua espera…
Mas quando pegou na mão dela, que já havia caminhado ao seu lado, abraçou-a e ao beijá-la, sabia que ela sabia quem ele era…
Stella
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